segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Completas



A meu favor tenho o teu olhar testemunhando por mim 
perante juízes terríveis: 
a morte, os amigos, os inimigos.

E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.

Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.

Manuel António Pina,
in “Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância”

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